quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Texto Profª Esp. Janete Angelino de Oliveira



A Biodança como meio de inclusão da pessoa na terceira idade.

Acontece na última fase da vida uma importante mudança e uma profunda transformação de atitude, observa-se nesse período uma solicitação de dois movimentos, o mais natural é o movimento de "ir para dentro". O próprio corpo obedece a essa necessidade e é inevitável a vivência do declínio. O corpo fica arqueado, como se tivesse tentando olhar para dentro, vivenciando o silêncio, a ordem e a contemplação, tentando olhar para trás para construir uma imagem da própria vida e perceber a somatória das experiências vividas, ressignificando e constatando que aquilo que parecia tão importante já não é mais e, aquilo que nem imaginávamos existir agora é o de maior valor.
Há uma convocação, nesse período, para sermos nós mesmos, e não podemos nos lamentar do nosso passado, pois tudo parece fazer sentido quando olhamos retrospectivamente para nossa história, a sensação é de que nossa vida é algo que tinha de ser como foi. A vivência de ir para o centro, isto é, de voltar-se para o vida interior, estabece a conexão e a familiaridade com a alma. Estamos começando a nos conscientizar que nos afastamos da alma e perdemos o sentido da existência, do significado e dos valores interiores. E sabemos que, o que nos possibilita a busca da alma e que nos ajuda a rever e ressignificar nossa história é o feminino. É através do feminino que desenvolvemos a afetividade e a transcendência, isto é, que somos tocados pelo amor e o poder de olhar o processo existencial como um todo.
Resgatar o feminimo na pessoa do idoso é ativar os recursos necessários para a transformação que ainda ocorre na 3ª idade. Existe o chamado para isso, caso não ocorra, inevitávelmente, sofreremos.
O outro movimento é a solicitação de "ir para fora" e conservar a vitalidade, a sexualidade e a criatividade, participar de grupos onde vivenciamos a colaboração, a cooperação, a conversação, a intimidade, a reflexão sobre os condicionamentos e a capacidade de tocar no corpo do outro, de olhar e ouvir.
A vivência da Biodança na 3ª idade facilita e promove tanto a volta para o interior, como a expressão e comunicação para o mundo exterior. A Biodança como forma de expressão ligada ao corpo e como processo de transformação pode colaborar no resgate da alma feminina, pois é um instrumento facilitador do desenvolvimento das etapas do feminino, tanto nas mulheres como nos homens.
O trabalho de Biodança é uma vivência que ativa o desenvolvimento do potencial humano, o contato consigo mesma, com o outro, com o grupo e com o cosmo. É um sistema que favorece a integração de todas as linhas vitais,que são: a vitalidade, a sexualidade, a criatividade, a afetividade e a transcendência. E através destes aspectos ativados,estabelece a saúde física, psíquica e espiritual.
Favorece a revitalização e novas formas de movimentar energias na psique do idoso. É a oportunidade de reconhecermos os atributos femininos através da dança. Essas "mulheres" de nosso interior, que pedem para ocupar seu lugar, são convocadas a serem reconhecidas e se instalarem na nossa consciência.
A conscientização das etapas do feminino auxilia a integração das linhas vitais que a Biodança propõe. As "mulheres" da nossa psique que correspondem as etapas do feminino são: Afrodite, Helena, Maria e Sofia e seus atributos respectivamente são: "Aquela que tem prazer, alegria, vitalidade e sensualidade"; "Aquela que sabe o que quer e é senhora de si mesma com criatividade e sensualidade"; "Aquela que sabe expressar seus afetos"; e "Aquela que aceita as coisas como elas são e tem uma conexão com o universo".
A música encoraja e ativa a presença dos aspectos de cada "Deusa", trazendo para a consciência seus atributos, pois a música e a dança movimenta e literta as potencialidades adormecidas.
Rolando Toro criador da Biodança nos ensina que "... podemos incluir em nossas atividades a musicalidade. Caminhar com música, mexer-se, acariciar, amar...Despertar em nós a musicalidade corporal não se trata só de ouvir música, mas de "fazê-la: de mover-se dentro dela e tranformar-se na própria música".


Referências bibliográficas:

HILLMAN, J. A Força do caráter - e a poética de uma vida longa, Rio de Janeiro: Objetivo, 2001.
TORO, R. Biodanza. São Paulo: Olavobrás, 2002.

Profª Esp. Janete Angelino de Oliveira – Psicodramatista, Especialista em Bio-dança. Psicoterapeuta em Santo André.

Nenhum comentário:

Postar um comentário